Meu filho adolescente não quer fazer terapia. O que eu posso fazer?
- Mariana Andrade Silva Alves
- 25 de jul. de 2024
- 3 min de leitura

Meu nome é Mariana Andrade, sou psicóloga e venho falar sobre uma dúvida bastante comum dos pais e responsáveis de adolescentes. O que fazer quando os adultos percebem que o jovem poderia se beneficiar da psicoterapia mas há recusa por parte desse jovem?
Hoje venho falar sobre a recusa inicial do adolescente em iniciar o atendimento psicológico, das situações em que ele não quer ir ao primeiro atendimento. As situações em que o adolescente começa o atendimento mas não quer dar continuidade não são o foco deste texto pois outras questões devem ser levadas em conta.
Quando os responsáveis pensam em levar o filho para iniciar um atendimento psicológico é necessário pensarmos de quem é o pedido para terapia, ou seja, são os pais que percebem algum sofrimento do filho? Foi a pedido da escola? São os pais que sofrem e apresentam dificuldade em lidar com o filho?
Vamos supor que os pais consideram que o filho está triste, tem poucos amigos, anda calado. Falam com ele sobre a psicoterapia, mas ele nega rapidamente.
Temos algumas situações:
1. O adolescente pode que achar que não precisa de atendimento mas aceita fazer (aqui temos uma possibilidade!)
2. O adolescente acredita que não precisa de terapia e não aceita fazer.
Então, o que eu posso fazer caso meu filho não aceite o atendimento?
Explique quais são as suas preocupações enquanto mãe/pai e as razões que você considera importante para que ele inicie psicoterapia. Foque nos sentimentos que percebe de seu filho: “tenho percebido que você parece triste, estressado, sozinho... e acho que seria interessante conversar com algum profissional em que você possa confiar”.
Esclareça o que é psicoterapia, o que o psicólogo faz, o que não faz, como será a primeira sessão. Explique o que irá acontecer para que seu filho tenha previsibilidade e saiba o que esperar. O psicólogo pode te auxiliar nestas explicações.
A escolha do psicólogo: se possível convide seu filho para participar dessa decisão, a internet ou indicações funcionam muito bem nesta situação e seu filho pode ajudar a escolher o profissional que ele se sente mais à vontade. Afinal de contas, sendo o atendimento ao adolescente, é importante que ele se sinta bem com aquele profissional, certo?
A psicoterapia não é castigo e não deve ser vista desse modo pela família.
Vale a pena refletir sobre os motivos dessa recusa: Dificuldade em falar o que sente? Vergonha? Fantasias de que terapia é apenas para quem tem graves problemas? Medo de que o psicólogo não mantenha sigilo? Acha que não funciona?
Você pode propor que ele faça um “teste”, que ele vá ao primeiro atendimento, comece a psicoterapia, para ter condições de decidir se faz sentido ou não aquele atendimento para ele.
Se ainda assim ele recusar, não há como obrigá-lo.
Aguarde, talvez esse desejo apareça no futuro. Coloque-se aberto caso ele mude de ideia, ou aceite buscar outro profissional.
Além disto, se há dificuldade dos pais em lidar com a adolescência do filho, vale a pena considerar que os pais podem procurar terapia para si mesmos, o que consequentemente pode auxiliar o filho, seja em atendimento tipo orientação parental ou individual a mãe/pai.
Falo aqui de questões gerais, mas cada situação deve ser pensada conforme suas especificidades, tudo bem? Na dúvida, fale com um psicólogo.
Até mais!
Mariana Andrade Silva Alves
Psicóloga
CRP 06/117538
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